Representatividade na Cidade: Conheça as 5 personalidades negras que ganharão estatuas em São Paulo
Prefeitura de São Paulo anunciou 5 novas estatuas de pessoas negras na cidade como forma de promoção da igualdade racial e valorização da diversidade étnica na capital
Sabemos que a cidade de São Paulo é repleta de monumentos, não é mesmo? E você os nota e se pergunta o que eles significam enquanto caminha por aí? E já parou para pensar que se identificar e se enxergar como um personagem digno de uma pintura ou escultura deve ser o máximo? Essa realidade, no entanto, ainda é distante para muitas pessoas.
Segundo informações de novembro de 2020 do Instituto Pólis – A presença negra nos Espaços Públicos de São Paulo, dos quase 200 monumentos de figuras humanas presentes na cidade, a maioria representa corpos masculinos e apenas 5 representam pessoas negras.
Essa discussão tem ganhado luz nos últimos meses, depois da estátua do bandeirante Borba Gato ser incendiada por ativistas como crítica ao símbolo da escravidão. Esta semana, a secretaria de Cultura de São Paulo anunciou 5 novas estatuas na Cidade, todas elas de pessoas negras.
Apesar da equidade nessa representatividade ainda estar distante, a notícia é importante pois além de ser uma forma de homenagem, os monumentos refletem e contam a história da cidade e do Brasil por meio de uma representação artística e cultural.
Encontrar pessoas negras e periféricas que marcaram nossa história no passado eternizadas em estátuas enquanto caminhamos pela cidade, então, é um lembrete de que o país pertence a essas pessoas, e mostra para crianças, jovens, adultos, idosos, homens e mulheres negras do presente e do futuro que elas são protagonistas dignas de vitórias, direitos garantidos e homenagens.
Conheça quem são as personalidades e referências negras na arte, literatura e no esporte, homenageadas nos novos monumentos:
Adhemar Ferreira da Silva
Importante nome no esporte brasileiro, o paulista Adhemar Ferreira da Silva não só representou o Brasil no atletismo em jogos Olímpicos, como foi o primeiro bicampeão olímpico do país (Helsinque – 1952 e Melbourne – 1956), primeiro atleta sul-americano bicampeão olímpico em modalidade individuais e quebrou cinco vezes o recorde mundial no salto triplo e foi o primeiro a quebrar a barreira dos 16 metros.
Carolina Maria de Jesus
Nascida no interior de Minas Gerais e moradora da favela do Canindé, na zona norte de São Paulo e de outras regiões periféricas de São Paulo, Carolina Maria de Jesus teve três filhos, trabalhou como empregada doméstica e catadora de papel e foi umas das primeiras escritoras negras do Brasil.
As obras escritas por ela retratam a realidade das favelas e os problemas como a pobreza e a fome por meio de relatos pessoais que refletem a realidade de uma grande parcela de brasileiros. Esse ano, 44 anos depois de sua morte, Carolina Maria de Jesus ganhou o título de doutora Honoris Causa Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Deolinda Madre
Conhecida como Madrinha Eunice, foi uma importante ativista e sambista nascida no interior de São Paulo e que viveu a maior parte da vida na capital. Considerada uma das matriarcas e precursoras do samba na capital paulista, Deolinda Madre fundou a Lavapés, uma das escolas de samba mais antiga em atividade e sete vezes vencedora do grupo especial nas décadas de 50 e 60. O apelido ‘madrinha’ se deu pelo fato de Deolinda batizar mais de 40 crianças ao longo da vida.
Geraldo Filme
Geraldo Filme foi um cantor, compositor que nasceu e viveu em São Paulo. Foi um importante nome do samba nas décadas de 1930, quando as rodas de samba e manifestações culturais negras eram proibidas até sua morte, em 1995.
O primeiro samba escrito por Geraldo Filme foi quando ele tinha apenas 10 anos de idade. Após ouvir o pai dizendo que em São Paulo não se fazia samba de qualidade como no Rio de Janeiro, Geraldo Filme compôs seu primeiro samba “Eu Vou Mostrar” para provar que o pai estava errado. Além de defensor da qualidade do samba paulista e importante nome na história do carnaval, também foi um militante negro que defendia a raça e a liberdade cultural da população negra.
Itamar Assumpção
Itamar Assumpção foi um cantor, compositor e produtor musical também nascido e vivido em São Paulo. Suas obras se destacaram nos anos 80 e 90 e o artista foi um dos grandes nomes do movimento chamado de ‘Vanguarda Paulista’, que dominou a cena independente e alternativa e independente de São Paulo na época. Outros grandes nomes do passado e do presente da música brasileira fizeram parcerias com Itamar ou gravaram sucessos do músico, como Cassia Eller que cantou ‘Sonhei Que Viajava Com Você’ e Rita Lee em ‘Avisos aos meliantes’.
O caminho artístico foi seguido pelas filhas Serena Assumpção, falecida em 2016, e Anelis Assumpção, atualmente na cena da música brasileira.